segunda-feira, 11 de julho de 2011

Não Basta ser Pai - Tem que participar!

Todos os pais são heróis. Alguns mais, outros menos, porém todos os homens que têm filhas (e participam de suas vidas) são heróis. Por quê? Explicarei aqui.

Começando pela infância, quando as crianças começam a perder seus dentes de leites. Os meninos ficam engraçados. Isso lhes dá um ar de sapeca, arteiro e malandrinho. E as meninas? Ficam horríveis. Ainda mais se forem aspirantes a futuras barbies. Não tem coisa mais feia que uma futura perua banguela. E, se ela não tiver a sorte de se casar com um homem rico, esse será seu destino de verdade. É papel do pai (cego) dizer que sua filha continua sendo sua bonequinha mais linda mesmo que a imagem que ele vê seja a do filho de Chuck!

Passando dessa fase para na qual essa mocinha começa a ir para escola. Vê que todas as amigas usam sutiã menos ela. Isso a deixa deprimida e ela vai para casa com esse sentimento no rosto. Em casa, o pai (preocupado) acha que o motivo para que a filhinha esteja triste é porque o time de voleyball perdeu, tirou nota baixa em ciências ou porque não pegou o tão esperado papel na peça da escola. Mas não... Eis que ele pergunta:


- Que foi, filhinha?

- Ah, papai. Todas as minhas amigas na escola têm peitos menos eu.

Juro que se pais usassem dentaduras nessa idade, haveria muitas mortes por engasgamento. O que ele pode te responder? Ele reza todas as noites para que seus peitos não cresçam e que os meninos não te notem. (Particularmente, eu acho que meu pai, meus avós e bisavós acendiam velas de sete dias todos os dias para que eu não tivesse nada de peito. Deu certo.).

Superada a fase do peito vem a TPM. Os namoradinhos da escola têm que aturar por uma ou duas horas as meninas com suas crises existenciais e sintomas de pessoa egocêntrica. E seu pai? Todos os dias! Da hora que você acorda até a hora de dormir. O pai (paciente) supera desde suas crises porque o Tiger da Kellogg’s lhe olhou torto no café até que a sua água do banho está mais fria que a da Nicarágua. Ou que seus cabelos estão parecendo um bagaço, seu corpo deformado, suas unhas tortas e blá blá blá! Precisa ser muito macho mesmo para passar por uma fera dessas.

Sem contar nas experiências com maquiagem. O pai (guerreiro) ainda tem que vê-la se trancar no quarto com equipamentos de tortura como: Secador, Chapinha, BabyLiss, cremes, blush, sombra, lápis e etc. A menina passa duas horas lá e sai do quarto parecendo uma.... Princesa? Não, uma Drag Queen. As primeiras experiências com cores nem são bem sucedidas. As cores dos olhos variam de pavão para Cyndi Lauper no auge dos anos 80 (ou seja: mesma coisa). É uma mistura de cores fantástica que talvez ninguém com experiência consiga copiar.

Sem falar que a falta de controle dos pincéis e rímel adicionada à falta de noção mais a inexperiência fazem com que o rosto da menina se pareça com uma obra de Picasso: Triângulos, Esferas e Quadrados indepente da cor, raça ou formato do rosto.

Ainda mais porque nenhuma menina vai optar por cores básicas ou neutras para sua primeira maquiagem. Não! O objetivo é se destacar. Sendo assim: sobra azul royal, verde bandeira e amarelo ouro! Os olhos mais parecem um arco íris que olhos mesmo. Não duvido que essas meninas sejam perseguidas por duendes que guardam os potes de ouros no final do Arco Íris.

Nos tempos modernos que as cores cítricas estão na moda, muito provável que as meninas conversem entre si usando óculos escuros para evitar ficarem cegas ou terem convulsões devido aos conflitos de luzes em seus rostos.

Depois de ver uma cena dessas duvido que “O Chamado”, “Massacre da Serra Elétrica” ou “Jogos Mortais” causem qualquer impacto nos pais (inabalados).

Se a moça tiver a sorte de ter um pai legal, ele dará carona para todas as amiguinhas para irem ao clube (baladinha) na matinê. E mais uma vez o pai (motorista) terá que ver uma verdadeira parada gay invadir seu carro. Além disso, a competição de perfumes: Giovanna Baby, Lua e Sol de Natura entre outras coisas teen. Nos comerciais dizem que atraem os meninos... eu acho que serve de repelente mesmo.

Pior ainda se todas as amigas decidirem dormir na mesma casa depois da baladinha. No dia seguinte é um desfile pior que dos monstros de Thirller do Michael Jackson. E o pai (sem medo) tem que passar por isso sem reclamar uma vez. Qualquer resposta mais torta pode transformá-las em um chafariz de “O fulaninho ficou com aquela menina porque eu sou feia!”.

Depois quando as mulheres ficam bravas porque seus homens preferem ter um menino a terem uma menina não sabemos explicar.

Na adolescência, vem a fase gótica. Independente se a filha se tornará pagodeira, funkeira, metaleira ou clássica elas sempre têm a fase gótica. Usam tanto preto que quando acordam parecem-se com Pandas mau-humorados.

E que pai (protetor) quer ter o (des)prazer de passar o telefonema do ‘Ricardão’ para sua amada filha (cujos peitos agora cresceram e já chamam atenção)?

Terror de cada pai é ver sua filhinha linda, bela e fofa nos braços de qualquer um. Pior se ele usar calças mais largas que as do Mc Hammer, boné de lado e vier buscá-la em casa com uma barra forte para darem um “rolê”. É de partir um coração paterno ouvir sua filha ser chamada de “mina”.

E quem disse que o tormento de ser pai chegou ao fim? Antes a filha amada passava as noites nas casas das amigas, agora passa as noites na balada e vai dormir na casa do namorado. Das noites do pijama nas casas das amiguinhas para Festas do Cabide com o namorado.

E o pai, que antes era o motorista, agora implora para poder levá-la a qualquer lugar ou participar da vidinha da filha. E ela, por sua vez, faz de tudo possível para esconder que tem pai. Até órfã ela diz que é.

Isso me lembra de um fato engraçado: Quando estava no segundo colegial uma das meninas, cujo pai era rico e podia lhe dar de tudo do bom e melhor, começou a perguntar para as meninas da sala o que os seus pais faziam (meio que uma triagem para ver com quem poderia se “misturar”). E assim começaram as respostas:

- Meu pai é empresário da XXX empresa.

- Meu pai é médico.

- Meu pai é agrônomo

E eu, na minha vez, cansada do exibicionismo disse:

- O meu é stripper.

Para o choque as coleguinhas e da professora minha resposta foi a última e nenhum outro interrogatório foi feito.

Para a felicidade do meu pai, na semana seguinte o trabalho de escola foi na minha casa porque todos queriam conhecer o stripper, que na verdade era um mecânico de aeronaves aposentado: Alto, gordo, barrigudo, preto e de bigode. Imagino os pesadelos!

Por fim, pais sofrem! Seja na infância, adolescência, com os namorados das filhas, noivos ou quando têm que entregá-la no altar para que outro homem ou mulher (diversidade,não?) possa cuidar dela e um dia passar por tudo o que ele passou e dar valor às mulheres.

Se você teve a sorte de ter um pai assim (afetivo, presente, temeroso, amigo e etc) ,mesmo que por um curto período de tempo, como descrito no texto: Parabéns! Eu não. Passei a vida tentando chamar a atenção do meu pai para algum desses pontos, mas nunca deu certo... Nem mesmo com as brincadeiras de stripper ou coisa pior que já fiz, ele me ‘notou’.

Mas vendo as experiências e convivendo com os pais das amigas e amigos é que escrevi esse texto.

Se algum pai ou filha se sentiu ofendido, peços desculpas. Mas é a forma carinhosa que eu enxergo um pai.