Eu poderia estar escrevendo sobre a maravilhosa viagem
que eu fiz para Curitiba durante minhas férias. Mas o texto ainda está no forno
e logo vou publicá-lo para ninguém ler.
Mas eu tive que dar uma pausa na narrativa da viagem para
escrever esse aqui... Porque tem algo me matando, comendo por dentro e eu
preciso falar. Quero falar sobre as coisas que eu ouço por aí e fazem com que
os pelinhos da nuca se arrepiem.
Começando pela campeã de arrepios “Desencanada”.
Quando uma pessoa se define como “desencanada” eu corro.
O que uma pessoa sensata quer dizer com isso? Que o seu sistema de encanamento não
funciona corretamente e que ela faz xixi e coco pelo mesmo cano?
Dizem por aí que “desencanada” é sinônimo de pessoa
desapegada, sem preocupações... é um hippie,
é isso? Que usa calça Lee, camiseta Coca-Cola e tênis da Nike.
Eu acho que é o tipo de gente que ouve o CD do Coldplay
ou Radiohead e põe para repetir todas as músicas ao término.
Eu diria, cuidado, hein? Do mesmo que você é desapegado,
as pessoas se desapegam de você. Já dizia Mario Quintana que “O segredo é não
correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.”
Se não preserva o que tem, não pode exigir que fiquem.
Outra coisa que eu acho engraçado, para não dizer
irritante, é extravasar. Quem extravasa além da Ivete Sangalo?
Geralmente extravasar vem associado a qualquer coisa que
está fora do seu ambiente comum. Por exemplo, “vamos viajar para Indonésia para
extravasar”, ou “vamos naquela balada em Vitória do Parnaíba para extravasar”.
Quando eu ouço um rapaz dizer isso, imagino que seja
porque ele quer sair catando geral mas sem ter fama de safadão. Vai lá para ‘ponte
que partiu’ e exagera em tudo que pode e tem direito (ou não) e ainda sim
mantém a imagem angelical que todos adoram.
Na maioria das vezes que ouvi uma mulher dizer que quer
extravasar, é porque queria encher a cara e sair dando a rodo, mas ainda manter
a imagem de santa (do pau oco) no seu ambiente familiar e de amigos e manter as
aparências.
Não sei por que, mas sou contra isso. Eu acho que manter
essa identidade dupla só te faz uma pessoa de mau caráter. Vai saber mais
quantas personalidades essa pessoa adquire com os anos.
Eu não acredito numa pessoa que diz que “não tem
histórias para contar”, ainda mais se a pessoa se diz vivida. O que passa pela
minha cabeça é que essas pessoas têm sim histórias para contar, porém são tão obscuras
ou causam tanta vergonha que precisam ser mantidas a sete chaves lá em Santa
Rita do Passa Quatro.
Além disso, se você não pode ser você mesmo na frente dos
que te cercam, que bosta de vida a sua, hein? A feiura das ações está na sua cabeça.
Deixe-me explicar melhor: Se você acha que algo legal, lícito e com moralidade
é feio, então é muito provável que seja apenas sua opinião te censurando.
Quer ver outra coisa tirar do sério? Quando você pede a
opinião de alguém sobre determinado lugar e a primeira coisa que recebe como
resposta é “Muito caro”. Geralmente quando você pergunta sobre algum lugar é
porque quer saber se o ambiente é agradável, tem um bom atendimento e por fim
se o preço é acessível. Mas tomar um corte desse é chato demais.
Também concordo que eu, na minha condição de pobre, não
vou sair por aí acendendo charutos com notas de cem dólares ou pegar o coco da
minha cachorra Brigitte com notas de dez reais (ela faz muito coco. Pegá-los
com dólares sairia caro até para o Bill Gates), mas às vezes é interessante
conhecer lugares novos e ver novos rostos. E, às vezes, para isso precisamos
pagar um pouco a mais. Então, caro (a) leitor (a), quando alguém te perguntar
sobre um lugar responda o que você acha do lugar, e por fim, opine sobre o
preço. Mas começar e fechar uma descrição como “Muito Caro” é para aborrecer.
E para encerrar esse manifesto contra o que dizem por aí,
volto a repetir que a Feiura está na cabeça de quem vê, fala ou faz. Não existe
coisa feia a não ser que você ou um juiz ache. O fato de você viver sua vida da
sua maneira, fora de padrões, grades ou estilo não quer dizer que você precisa
ser julgado. Apenas firma minha teoria que quanto mais de bem consigo, mais
pessoas te seguem porque elas se sentem bem ao seu lado, querem puxar (de forma
boa) essa energia boa e vibrante que você transmite.
Um beijo para meus leitores fiéis (se é que ainda estão
por aí). E um “olá” para os primeiros visitantes.