domingo, 21 de outubro de 2012

Casquinha de Ferida


Eu comecei 2012 de uma forma diferente do que estava seguindo de 2010 e 2011. Comecei o ano servindo de pilar para uma pessoa que havia passado por um grande baque emocional. Pessoa que viu seus melhores amigos agirem de forma egoísta enquanto ela, a pessoa, lutava bravamente para se reerguer do susto. Fiquei muito próxima dessa pessoa e “arrastava-a” comigo a todos os lugares que eu ia. Deixei de sair com alguns rapazes aí para fazer-lhe companhia e confidenciei e fui confidente dos momentos mais difíceis de nossas vidas.
Infelizmente, depois que o sorriso (verdadeiro) voltou às faces dessa pessoa, comecei a notar certa diferença em como eu era tratada e, cansada de grosserias e atitudes maldosas, eu me afastei um pouco para voltar à minha vida.
Não me arrependo de ter cedido meu tempo, aberto meus braços e coração para acolher uma pessoa em necessidade. E não faria diferente se soubesse que os resultados seriam esses mesmo. Na verdade, eu já previa que seria assim, e apenas subestimei meus pressentimentos.
Mas o motivo por esse post é porque essa semana eu estava almoçando com um amigo que fez a seguinte observação a meu respeito “Você é a pessoa mais difícil com quem eu tive que aprender a lidar até hoje”.
Pois é... E sabendo disso não fiquei brava com ele. Eu realmente sou uma pessoa extremamente difícil de lidar. É fácil admitir que sou a melhor amiga dos meus melhores amigos, melhor conselheira nas horas difíceis e o melhor abraço quando precisam. Mas também sei que eu sou binária. Aonde 0 e 1 regem as minhas atitudes. Nunca gostei do ‘talvez’ e, embora tenha sido difícil lidar com ele sempre, eu ainda prefiro (e às vezes forço) o ‘sim’ ou ‘não’.  Nunca fingi gostar de algo para agradar aos outros, não consigo fingir que gosto das pessoas para que eu seja aceita num grupinho e não tenho problema nenhum em ficar sozinha em casa ou ir a algum lugar sozinha porque não tenho companhia.
Eu entendo que as pessoas têm necessidades de serem aceitas em grupos e que precisam da aprovação dos membros do grupo para fazer parte dele. Mas eu acho que não pertenço a nenhum grupo. Não pertenço a um coletivo. E ainda admiro algumas pessoas (algumas mesmo, não todas) que têm a capacidade de fazer malabarismo com suas personalidades para estar presente em diversos grupos (não estou chamando essas pessoas de falsas, longe disso – estou me referindo às pessoas que têm a força de vontade e sangue de barata de atuar certas coisas para pertencerem e desfrutarem e se privilegiarem e  benefícios do convívio em grupo).
Não é participando da sua festinha de aniversário, churrasco ou almoço que me fará sua amiga. É o quanto estamos, você e eu, dispostos a nos aturar enquanto estivermos um perto do outro. Poucas pessoas conseguem me aturar e eu menos ainda.
Dito isso, eu venho ressaltar que apenas poucas pessoas têm torcido pelas minhas vitórias. E por se tratarem de um grupo bem restrito, também restringi apenas à essas pessoas o direito de saberem os próximos passos da minha vida. Minhas próximas jornadas e minhas loucuras (não se pode ser psicóloga sem diploma em tempo integral, às vezes é preciso estar do outro lado da sala).
E você, caro leitor, pergunta-se o que primeiro trecho desse post tem a ver com o fato de eu ser uma pessoa difícil de se lidar? Simples: Embora eu seja uma “casquinha de ferida” nunca passei por cima dos sentimentos de ninguém para sobrepor os meus. Sou humana e por isso também sinto, gosto, também sofro e também adoro. Comecei 2012 com um senhor baque. Você ficou sabendo? Pois é... ninguém soube. E sem ajuda de ninguém eu me superei. Acho que todos deveriam ser como eu? De jeito nenhum, é extremamente doloroso não conseguir se abrir para alguém e ter que se superar sozinho. Considero demais aquelas que conseguem expor tudo o que sentem, exteriorizam suas dores em lágrimas e que, em momentos de raiva, odeiam tudo e todos para que depois possam reparar seus erros e filtrar quem entra e quem sai dos seus corações.

Boa Semana, caro leitor.