Ser nascida em cidade do interior não tem nada de
diferente das pessoas que nasceram nas grandes cidades e moram no interior.
Na verdade, não difere em nada. Porém, muitas vezes ouço
coisas como “caipira” ou “pateta” e penso “Mas, eu estou na minha terra! Você
que está aqui.”
Mas ontem passei por uma que me fez voltar para casa orgulhosa.
Estava eu, linda,
bela e fofa, na fila da lanchonete da empresa, quando algumas florzinhas
chegaram e pararam atrás de mim.
A princípio a conversa era como a flor-rainha tinha
passado os últimos dias em sei lá aonde. Pelo jeito que ela falava parecia que
tinha sido a viagem da sua vida.
Aparentemente ela e o vead... digo, namorado, tiveram
super aventuras por algumas cidades do interior paulista. Ela puxando carroç...
digo, passou de carro por cidades bem menores que a minha nas quais a
rodoviária é na praça da Igreja (já passei por essa) ou que o point é ficar na praça matriz
conversando e flertando. Até que chegou ao seu destino que era bem longe. Ela
parecia saber tanto das cidades que certeza que iria escrever um “Guia Quatro
Patas” para suas amigas poderem acompanhar.
Estava tudo bem, elas dando risada, se achando gente...
até que me incluíram na conversa:
Elas: Né, Gabi?
Eu: O que?
Elas: É estranho crescer no meio do mato, né?
* A princípio achei que fosse alguma alusão a mim e não à
Indaiatuba *
Eu: Como é que é?
Elas: É... Indaiatuba. Interior. Não tem nada para fazer
lá.
* Ia responder algo mal educado, até que tive uma ideia*
Eu: Ah, normal. Cresci normalmente. Mas acho que deve ser
do mesmo jeito que vir de onde você vem. Do Rio, né?
Elas: Mas eu não sou do Rio.
* Agora me divertindo *
Eu: Lago, Lagoa, sei lá.
Elas: Ah! Você confundiu com Lagoa, um bairro de
Campinas, não moro lá. Eu sou de São Paulo
Eu: Jurava que você é do Rio.
* Elas com Sorrisos de quem está satisfeito*
Elas: Nossa. Sério? Porque?
Eu: Ah. Até aonde sei, Rio é de onde vêm as piranhas.
Eu tive que me virar para frente para rir e esperava que
a moça gritasse “Próximo” logo para eu ser atendida. Mas não, ainda fiquei um
bom tempo na fila ouvindo “Ridícula”, “caipira”, “ridícula” (percebe-se que a
criatividade não é o forte), “ela vai ver só”...
Enfim, voltei para casa, para trabalhar mais, e ainda dar
risada disso.
Espero mesmo que elas leiam meu Blog!