quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Meu

Sabe aquela sensação de pertencer àlgum lugar? Saber que algo é seu mesmo? Eu nunca tive confiança de dizer isso e estar convicta de que era verdade.
Cresci ouvindo que o doce que eu trouxe na verdade era "meu doce, guardado na minha geladeira. Por isso vou comê-lo!". Ou que "esse livro aí que você comprou está guardado no quatro que está na minha casa" e hoje ouço "esse carro que está na minha garagem que pertence à minha casa". Logo, a cada prestação do carro que comprei, não passa de um carro guardado na garagem dele. As tortinhas de morango que eu comprei para dividir com todos da casa, na verdade são "aqueles meus doces na geladeira".
Não creio que essas palavras "meu, meu, meu" foram lições para que não fosse egoísta, mas foram lições que me ensinaram que nada verdadeiramente me pertence até eu poder ter minha casa de verdade e poder guardar meus livros e meu carro.
Infelizmente, eu sinto como se não pertencesse ao mundo de fora também. Não tenho meu lugar no serviço (embora minha baia tenha uma plaquinha com meu nome), não tenho lugar na rodinha de amigos e muito menos na faculdade... É como se eu estivesse lá, mas não fosse de lá. Bem como se morasse de favor, tivesse que pedir licença e desculpas por viver, respirar e usar. Como se cada centavo que eu dou para ajudar não fosse suficiente para pagar o arroz, a água do banho ou a luz do "meu" quarto.
Algumas pessoas são felizes por saberem que o que têm lhes pertencem. Eu sinto que sou uma inquilina caloteira.
Meu, na verdade, não é nada. Ainda quando ouço alguém se referindo a algo como "meu" penso: "Eu falo o pronome 'meu' no figurativo. Porque na verdade 'meu' não é 'meu'".
Tenho vergonha de comentar em casa sobre sobre algo no "meu" quarto, então na verdade apenas digo "no quarto". No carro. No livro que estou lendo... Meu, para mim, é uma palavra feia. Simboliza 'não é seu, Gabriela, e sim "meu"'.
Enfim... acabei de presenciar mais um episódio do "meu" e precisava desabafar.

Não quero comentários a respeito.

domingo, 24 de outubro de 2010

Empatia

Eu posso afimar que entre todos os meus inúmeros defeitos que tenho uma qualidade sobrevive fortemente. E me orgulho muito dela porque é rara nas pessoas com quem convivo. Chama-se empatia.
Pode parecer lorota mas eu tenho a habilidade de me colocar no lugar de outra pessoa e sentir ou saber exatamente a mesma coisa que ela. Uns dizem que é porque sou do signo de Peixes, outras porque tenho sexto sentido aguçado e minha mãe acha que é porque eu sou mais aberta às vibrações do mundo que as outras pessoas. Eu particularmente acredito que desenvolvi esse dom no passar dos anos sem precisar de horóscopo, psicoblablablá ou "vibes".
Ontem eu quase me trai por causa da empatia. Sem citar nomes e lugares eu me coloquei no lugar de outra pessoa e resisti à tentação de ficar com alguém (cujo namoro vai de mau a pior) porque eu, Gabriela Augusto Marcondes, não gostaria que fizessem nada pelas minhas costas. É complicado fazer a coisa certa às vezes. Machuca, deixa você pensando a noite toda nos "e se" e ainda por cima te faz pensar "Será que sou besta?". Mas não... eu sinto que fiz a coisa certa.
Não foi só dessa vez que a empatia me salvou de ser injusta. Embora eu acredite que nada é mais puro que a verdade, já menti para pessoas pois não queria magoá-las. Acho que a única pessoa para qual não consigo mentir (at all) é minha mãe. Porque ela sabe muito bem como funciona minha cabeça.
Eu não gostaria que mentissem para mim, fizessem algo errado pelas minhas costas (apunhaladas e traições) e muito menos saissem por aí falando ao meu respeito. Por isso, eu não faço isso. Se eu tiver algo para fazer ou dizer eu apenas faço/digo.

É um dom que todos poderiam ter. Evitaríamos conflitos, mágoas e até guerras.

Mas... para quem é tão completa por defeitos, a empatia passa despercebida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

E já parou para cheirar as rosas?

Não me lembro muito bem mas há uns dias assisti um filme no qual o personagem questionava o outro sobre quando foi a última vez que ele parou para cheirar as rosas. E eu comecei a pensar a respeito... Quando foi a última vez que subi em uma árvore? (no último ano novo) Quando foi a última vez que tomei banho de chuva? (Sexta-feira passada) Quando foi que eu parei para cheirar as rosas? (Não gosto de rosas, mas parei para olhar as plantas do quintal).
Coisas simples que fazem a diferença... lembre-me que o último sol nascente que ví foi há mais de três anos (estava trabalhando de madrugada e pelas vastas janelas da empresa pude vê-lo subir lindamente pelo céu azul). Esse é um espetáculo da natureza, o qual ocorre diariamente no mesmo bat-horário e bat-canal, e mesmo assim milhares pessoas (como eu) o perdem.
E banho de chuva? Estava eu, linda, bela e fofa, voltando da faculdade quando fui surpreendida por uma chuva pesada porém gostosa. Ao invés de apressar o passo eu fui mais devagar para casa. Sentindo cada gota de chuva caindo sobre mim, lavando-me, purificando-me e me dando energia nova para seguir em frente.
Claro que chegando em casa tomei um banho quentinho. Mas valeu a pena.
E subir em árvore? Quer coisa mais gostosa que subir, se sentir mais alto e ainda se balançar pelos galhos? Tudo bem que eu não sei descer (subir é fácil, descer é que complica), mas está valendo. Basta por uns dois ou três lá embaixo para te pegar na hora que você se jogar.

Eu sinto que aproveito as pequenas oportunidades que a vida me dá. Afinal, não sei até quando estarei aqui para poder apreciá-las.

E você? Já parou para cheirar as rosas?